sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Senza fine

Era um vazio incompreensível.
Rasgava meu peito enquanto eu alimentava-o.
Nutria esse vazio cada vez que pensava no seu desdém.
Lembrava seu rosto inexpressivo. Incapaz de ser alguém.
Eventualmente queria te abraçar, te beijar.
Com muito mais frequência queria te matar.
Como consequência, as vezes queria me matar também.
Mas ridículo que sou sempre deixo meus  planos aquém.
E ai, retorno ao meu maldito vazio.
Tão persuasivo, tão arrebatador que vejo ele em você.
Vejo-o no seu sorriso pela metade, no olhar nublado de saudade.
No teu desalinho ao se expressar, na covardia do teu agir,
No desmazelo do teu amar, na tua incapacidade de decidir.
E ai, somos por fim dois vazios.
Metades que não se completam, historias sem finais felizes.
Para ti outros cavalheiros, para mim outras meretrizes.
Tantos outros amores sem sabor, tantas outras noites sem cor.
Te ver não me conforta, te abraçar não me consola
Só aumenta esse vazio que me desola, e me isola... cada vez mais.


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