quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Tão García Márquez, feito personagem de Cem Anos de Solidão...

Mais uma vez a vi partir 
pela janela do ônibus, 
retomei o folego e tentei sorrir. 
Não sei descrever o sentimento 
Se é pesar, frustração 
só sei que eu lamento. 
Um aperto no peito, 
beirava desespero. 
Meu defeito? 
Colecionava erros. 
Triste foi o caminho de volta. 
Voltar? 
Para onde? Para quem? 
O que eu tinha já deixei muito aquém 
Aquém da vida, do amor, de seja lá o que for. 
Precisava de um copo, um bar. 
Passei por alguns que costumava frequentar. 
Pensei em parar, pensei em me abandonar. 
Segui. 
Olhos marejando, ensaiando para encharcar a alma. 
Como muitas vezes as lagrimas dela molharam meus ombros, 
Enquanto eu sussurrava "calma meu amor, calma" 
Eu não tinha ninguém. 
Nem para consolar, 
nem para debochar de mim, 
nem para conversar. 
Ate as costumeiras garrafas de vodca vagabunda estavam ausentes. 
Comovidas com minha face que carregava um sorriso quase deprimente. 
Cheguei ao meu destino, ainda sem destino certo. 
Sozinho com a fumaça do cigarro, Bukowski e ela.
Resolvi escrever, mais um episodio versado da novela.

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Senza fine

Era um vazio incompreensível.
Rasgava meu peito enquanto eu alimentava-o.
Nutria esse vazio cada vez que pensava no seu desdém.
Lembrava seu rosto inexpressivo. Incapaz de ser alguém.
Eventualmente queria te abraçar, te beijar.
Com muito mais frequência queria te matar.
Como consequência, as vezes queria me matar também.
Mas ridículo que sou sempre deixo meus  planos aquém.
E ai, retorno ao meu maldito vazio.
Tão persuasivo, tão arrebatador que vejo ele em você.
Vejo-o no seu sorriso pela metade, no olhar nublado de saudade.
No teu desalinho ao se expressar, na covardia do teu agir,
No desmazelo do teu amar, na tua incapacidade de decidir.
E ai, somos por fim dois vazios.
Metades que não se completam, historias sem finais felizes.
Para ti outros cavalheiros, para mim outras meretrizes.
Tantos outros amores sem sabor, tantas outras noites sem cor.
Te ver não me conforta, te abraçar não me consola
Só aumenta esse vazio que me desola, e me isola... cada vez mais.