quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Disforia em Mi menor

Enquanto escrevo, a música alta nubla meus pensamentos.
Enquanto procuro a próxima palavra perdida no tempo,
os desalentos em minha memória se misturam com devaneios que crio.

Enquanto fantasio estórias, as palavras fluem, tortas.
De forma lenta, se auto escrevendo, quase mortas,
Elas se põe em seu próprio rumo, como as aguas de um rio.

Num último esforço de virarem rimas,
se jogam umas por cima das outras contando a história de uma menina.

Uma menina que de te tanto querer ser livre, se tornou refém.
Refém das ideologias roubadas, dos amores triviais e de seu próprio desdém.
Pobrezinha, não sabe que seu sorriso superficial é finito.
Felicidade não se encontra em shoppings para comprar.
"Acorda, criança" é o que sempre lhe tenho dito.
Mas ela diz que tem de tudo e que o vazio vai passar.
Mal sabe ela que o tempo é ligeiro e a sorte é madrasta.
Quem não corre ao seu lado, o tempo arrasta.
Ela devia saber que as palavras não tem porque mentir.
Para se manter vivo aqui, "hay que resistir".