sábado, 23 de junho de 2012

Paraíso artificial.

Quando mudou não se importou em me deixar ciente.
Desfez o sorriso do rosto e deixou uma carta sem remetente.
Para me avisar que nada mais fazia sentido.
Que já valia bem pouco e parecia perdido.
Jurou que fez o possível, que se esforçou.
Que agora tinha sumido o que um dia semeou.
Arrancou do meu peito o resto do meu coração.
Me fez caminhar deixando um trilha de sangue no chão.
Sem remorso me deu costas.
Ignorou as propostas.
Com uma frieza cruel me falou que era melhor assim.
Que já fazia algum tempo que se anunciava o fim.
Me calei,  me refiz e fui caminhar.
Sem rumo, eu andei para não chegar.
Superficial, minha diva nociva e mortal.
Só tenho que agradecer pelo seu paraíso artificial.
Não rasguei as fotos, não queimei os presentes.
Só matei o maldito adolescente.
Que entregou o que tinha para alguém tão trivial.
Deitava ao meu lado mas escondendo de mim o punhal.
Traído, falido e ébrio agora eu vivo sem paz.
Atravesso as noites esperando o "Aqui jaz..."







segunda-feira, 11 de junho de 2012

Ela e O tempo.

O rádio toca um Johnny Cash, e no meu olhar brilha teu sorriso como um flash.
Um flash de outro tempo, outras noites, onde meus açoites eram devaneios...
... sem receios.
Sem medo eu contemplo o momento, com um leve amargo na garganta
me trazendo o desalento de sempre se colher o que se planta....
...quase me espanta.
Me espanca e maltrata, quando o quase riso no teu rosto se desata.
Fraca, uma lagrima solitária se destaca.
Borrando a vida que eu desenhei para nós dois,
trancando as portas de saída que você propôs.
Um momento estático, praticamente um pacto.
Deixo o tempo me levar, se ele puder te fazer voltar.
Então sou só eu contra o vento, desfingindo sofrimentos, destingindo alguns momentos.
Atravessando um céu nublado e escuro, esculpindo nesses muros tantas frases e múrmuros.
Paro e aprecio a arte antes do descarte.
Talentoso em se calar, nem tanto ao falar ou escutar.
Não percebeu a crueldade do relógio ao correr...
... fazer ceder mais uma lua, deixando morrer a luz nas ruas.
No rádio já não tenho Johnny Cash, e do teu sorriso ainda só o flash.