terça-feira, 22 de abril de 2014

Crônicas de morte.

Ontem, por um descuido, encontrei com a morte.
Despretensiosa, após o encontro ela me perguntou:
- Deseja que eu te revele tua sorte?
Na minha infinita ignorância respondi:
- Por que não? O que pode ser pior que a vida.
Então sorrindo ela pediu que eu me aproximasse, sugerindo que nos sentássemos num banco na praça do outro lado da rua.
- Me dê sua mão - Ela disse - Só que agora num tom muito mais sério.
Pestanejei por alguns instantes. Mas decidi segurar sua mão. Desconfortável foi a sensação gélida que foi tomando conta do meu corpo.
E foi assim que eu vi tudo.
Como se tivessem passados cem anos diante dos meus olhos, acordei com a gargalhada da minha companheira sinistra.
Antes que pudesse questiona-la, ela não estava mais lá.
Ela tinha me mostrado tudo de melhor e pior na minha vida.
Momentos perfeitos.
Momentos odiosos.
Meus amores e minhas muitas frustrações.
Foi terrível.
Como sentir tudo de novo sem viver.
Só havia um problema.
Ela havia me mostrado tudo somente até nosso encontro.
Foi quando um frio me percorreu a espinha.
Reparei que ao lado havia um papel amarelado.
Jazia ali um recado medonho.
"Já conheces tua sorte,
Volto breve para busca-lo.
                          ass. Morte"