quarta-feira, 11 de junho de 2014

O tolo

Ela adentrou o quarto e me perguntou:
- Você está bem?
- Não - eu respondi, apático como de costume. Ela irritantemente insistiu.
- Não? Qual o motivo?
- Suponho que eu não saiba o porque, pois se soubesse faria algo para estar bem, não concorda?
Ela lançou um olhar quase furioso enquanto eu articulava a continuação da resposta.
- Entendo que esse estado é o estado normal da condição humana, insatisfação permanente.
Ela delicadamente olhou nos meus olhos, me deu um beijo e disse:
- Tolo, é isso que você é.
Caminhou até a porta, acenou e partiu. Eu sabia que não a veria mais.
Então me levantei calmamente, acendi um cigarro, abri mais uma cerveja e peguei meu bloco para escrever.
Naquele silêncio, sem indagações, sem ter que me explicar...
... eu começava a me sentir bem.